Para uns é uma benção, para outras uma maldição! Uma coisa digo sem medo de errar: Todos queremos ter o controle sobre o silêncio ou sua ausência. Há algo mais enlouquecedor do que tentar dormir enquanto o vizinho ouve aquela música enlouquecedora a todo volume?
Quando sai de casa, em um longo e distante carnaval, a época eu já tinha dois gatos, sempre que me perguntavam o que era o melhor coisa, eu sempre respondia:
O silêncio! ou melhor mandar no silêncio! Eu grito: Agora vamos fazer silêncio! E segue-se o silêncio, é mágico. Risos!
Hoje, quase 10 anos depois, já não acho mais tanta graça em gritar: Agora é hora do silêncio!. Embora em alguns momentos me seja usurpado esse poder por uma reforma que quase me enlouquece. A música também foi preenchendo muito desses vácuos de sons!
Em 10 anos, embora muitos pensem impossível, existiram muitos e muitos dias em que fiquei absolutamente em silêncio e não vi graça nenhuma nisso. Quando morei fora, também existiram domingo de completo silêncio, eu achava triste. A interação sempre foi bem mais divertida e proveitosa.
Os silêncios se mostram muito proveitosos para meditações, pessoais e solitárias como devem ser.
Silêncios a dois deveriam ser, a princípio, sempre acordados: Aquele momento que seu pai vê o jogo de futebol, ou sua mãe lê um livro, medita no canto da sala, sai para caminhar, faz mosáicos. Para mim sempre pareceram um pouco constrangedores, uma opção voluntária pela não interação, por não compartilhar. Todas as vezes que aconteceram eram sinal de que algo não ia bem, mas é só uma vivência.
Não sei porque o silêncio sempre me remete a ausência de vida, a morte. No último final de semana de vida de um dos meus tios avôs, que morreu de cânceres pelo cigarro, indagado por minha avó porque ele estava tão triste, afinal estavamos em casa e ele tinha melhorado, ele escreveu: Não falo mais, falar é a alegria da vida!
Isso me marcou muito, então, para mim não falar voluntariamente é destinar algo a ausência de vida, de alegria.
Quem defenda o silêncio deve dizer que nele podemos observar melhor o que o som abafa. Pode-se prestar mais atenção nos outros sentidos. Para esse argumento, vou dar mais uma sugestão: Feche os olhos! Somos extra visuais e visite "A Gota" em Alto Paraíso, experiência auditivel única.
Termino com uma frase do Martin Luther King:
"O que mais me preocupa não é o grito dos violentos ... o que mais preocupa é o silêncio dos bons"
"O que mais me preocupa não é o grito dos violentos ... o que mais preocupa é o silêncio dos bons"
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