Em 1995, eu não conseguia entender, por que existiam aulas de literatura, embora eu fosse fascinado por elas. Meu professor (Feitosa) falava em mono-tom, mas o que falava era fantástico que eu não conseguia perder uma palavra. Me descortinava um mundo oculto e mágico, entender o que estava nas entrelinhas do que estava escrito. Textos eram muito mais que letras colocadas lado a lado.
Para os judeus é um exercício comum. O hebraico é mais que letras lado a lado. Cada letra tem seu significado independente, seu fonema, seu número e seu significado quando reunida à outra. Além de poder ser lido em qualquer sentido na horizontal, vertical ou diagonal.
Com o tempo, fui praticando isso, conseguir ler mais do que está escrito. É muito legal, ainda mais em músicas. Na ditadura, todos faziam letras cifradas. As do Chico Buarque eu aprendia em casa, com a minha mãe, a decifrá-las. Por exemplo, a maior parte das vezes que ele dizia D-US queria referir-se a ditadura.
Enfim, aprendi a ler e decifrar músicas, algumas de suas intenções escondidas e de seus significados herméticos. Mas para mim, ainda é extremamente difícil decifrar pessoas, talvez porque eu mesmo seja difícil de decifrar, embora eu sempre seja extremamente honesto e claro.
A música de hoje foi “Pra o Dia Nascer Feliz”, por CAZUZA, e nela fiquei praticando esse exercício de decifrar o sentido guardado nas entrelinhas.
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