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quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Vc Acredita em Violência Urbana?

"Yo no Creo en la bruja,
Pero que las hay, las hay"

"Não acredito nas bruxas, mas que existem, existem
antigo ditado hispânico

(Acima, Bruxa Cuca, meu maior pesadelo de infância)

Sabem aquela idéia de que se você não acredita em uma coisa ela não existe?

Ou a tentação de acreditar que se você realmente quiser algo, ele acontece?

Quando os fatos tornam impossível negar aquilo que não queremos acreditar, começamos a nos defender pensando:

Tá, isso existe, mas não me atingirá. Arranjamos e até inventamos ressalvas, elaboramos por que aquilo aconteceu com o outro e por que não aconteceria com a gente.

Por anos, acreditei que a violência urbana fazia parte de uma estratégia sensacionalista para vender jornais, ganhar audiência e desmoralizar cidades.

Ou então, que era uma invenção mercadológica para fomentar o mercado da segurança privada. Ainda acredito que esses motivos existam, mas são apenas forma de tirar proveito da situação.

Quando nos mudamos para a nossa casa atual, criou-se uma batalha: Alguns queriam colocar grades e cerca elétrica, por causa da violência urbana. Eu? Comandei o bloco contra grades e cia, pois não acreditava e nem queria acreditar que existisse toda essa violência. Me recusava a ser prisioneiro na minha própria casa. Por conta de certos eventos, temos cerca elétrica e grades. :(

Infelizmente, recusar-se a acreditar que coisas ruins existem é um passo perigoso no sentido de tornar-se vítima delas. A alienação e omissão é gasolina para perpetuar e até piorar a situação.





Quando criança, morava em uma casa gradeada


Sentia a mesma tristeza do mocinho ao lado.










A vida deu na minha cara e tive que assumir a realidade: Não gosto da Violência Urbana, Não gostaria que ela existisse, mas, independente da minha vontade, ela existe.

Nas últimas semanas, dois episódios, em duas das maiores e mais ricas cidades do Brasil, São Paulo e Rio de Janeiro, deixaram claro a anomia (Anarquia e Ausência do Estado) e a insegurança a que TODOS vulneráveis.

Eu me senti pessoalmente atingido e bastante abalado. Muito podem estranhar meu envolvimento e comoção, pois moro em Brasília, mas em ambos os casos, eu freqüentei os cenários dos eventos, de forma rotineira e nos horários dos acontecidos, o que me faz sentir completamente envolvido, desrespeitado e solidário com as vitimas.

Vivi por diversos períodos da minha vida no Rio de Janeiro. De lá vem a minha família, exatamente do Bairro do Rio Comprido, onde um dos carros foi incendiado. Passei mil vezes naquele local, então a sensação de que podia ser o meu carro me aterrorizou. Até porque estou de férias e até março de 2010, todas as minhas férias eram no Rio.

A mesma coisa com a Av. Paulista. Meu melhor casal de amigos gays mudou-se para lá em 2007, visita-los é um prazer. Há meses, me cobram uma visita. Eu prometi que nas férias iria. Cacete, estou de férias. A mesma sensação tenebrosa de PODIA SER EU, me aterrorizou.

Até por que em São Paulo, que eu julgava mais segura que o Rio, eu, em um exercício de independência e liberdade, andava sozinho a noite, nas Alamedas, na Augusta e na Paulista.




Me recuso a aceitar que as autoridades de SP permitam que uma Avenida tão suntuosa e agradável não seja um lugar seguro para andar a noite ou de madrugada.









De tudo isso, o que mais me incomodava, em parte dos cariocas e paulistas, é a desensibilização com a gravidade e o exercício criar um ambiente de pretensa normalidade e de elaborar ressalvas para justificar a violência, na ansiedade de tentar se colocar-se a salvo, ao menos em suas mentes, da possibilidade de ser vitima.

No Rio, os cariocas sempre justificam a violência sofrida pelo outro baseado na figura do “VACILO”, “VACILÃO”, etc.

A última vez que estive na Av. Atlântica, Copacabana, as 18 horas, presenciei o assalto de alguém visivelmente estrangeiro. Seguimos andando e eu comentei: Que absurdo. Ouvi como resposta: Claro, ele estava com a câmera digital na mão.

Internamente me perguntei: Onde a câmera deveria estar? Na cueca?

No mundo inteiro, câmeras foram feitas para ficar na mão e para fotografar tudo, em especial, pontos turísticos, como é o caso da Av. Atlântica.

Tanto em Buenos Aires como em Montevideo atestei que uma grande cidade, em especial em suas áreas turísticas, pode ser segura todas as horas, inclusive a noite. Em ambas fiz passeios durante a madruga, com minha câmera digital na mão, andando de ônibus e muitas vezes a pé. Espero que ainda sejam assim e que nós no Brasil consigamos chegar lá.

Fui forçado a entender que a violência urbana existe, mas recuso-me a acreditar que ela seja normal, irreparável, ou que seja culpa exclusiva da vítima.



TOME PARTIDO!

"A neutralidade só ajuda ao Opressor, nunca a vítima.
Silêncio encoraja o torturador, nunca o torturado"
Elie Wiesel







Sou completamente solidário com a população do Rio de Janeiro e com as vítimas do ataque na Av. Paulista. Gostaria mesmo de poder fazer algo mais que fomentar a reflexão em um blog. Resta-me Tomar Partido!

Espero que as autoridades assumam a responsabilidade de suas debilidades, reconheçam o caráter sistêmico desses eventos, gastem mais tempo elaborando e implementando medidas de prevenção do que tentando justificar o injustificável, em ambos os casos o ESTADO, que tem o monopólio da violência legítima, não estava presente e permitiu a atuação dos criminosos, deixando a população a mercê da barbárie.

No caso da Av. Paulista, falham o Estado e Prefeitura ao não garantir segurança. Falham também as INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS quando se permite de forma irresponsável e criminosa liberar as bestas humanas que fizeram o ataque macabramente “televisionado”.

Não aceito o argumento reacionário de necessidade de endurecimento da legislação, (que conforma-nos a acreditar que apenas no futuro as coisas poderiam dar certo.) Já há previsão em lei, que poderia mantê-los preso. Falharam os operadores e não os legisladores, como o pensamento pronto e não reflexivo quer nos fazer acreditar.

FICA AQUI A MINHA INDINAÇÃO E SOLIDARIEDADE.
QUE DEUS TENHA PIEDADE DE NOSSAS ALMAS. #OREMOS.

Colaboraram com o texto: BSvox e Henriquel.

Um comentário:

  1. Olha cara... Sinceramente, essa onda "anormal" de violência no Rio está me parecendo muito estranha. Aqui, a violência nunca foi novidade, faz parte da nossa rotina até... Não foi a primeira vez que queimaram ônibus ou coisa parecida... Isso acontece sempre!! Agora, olha que estranho... De uma hora pra outra, começam a televisionar tudo isso, colocam em rede nacional, suspendem aulas... Cenas perfeitas passando na televisão, com nossa polícia perfeita e sem corrupção atuando lindamente, junto com as forças armadas... E o nosso belo governador sempre alí, por tras da imagem das UPPs...

    O fato cara, isso está estranho... Pelo menos em parte, isso com certeza é uma propaganda dessa medida no mínimo equivicada de implantar UPPs nas favelas cariocas... Ué?? Mas elas não funcionam?? Sinceramente, eu não acredito... Não mudou muita coisa na violencia do Rio de lá pra cá... Pior, os traficantes se espaçharam e incadiram locais onde não apareciam muito (depois das primeiras UPPs, os índices de violências de cidades como Petrópolis, Niteroi, São Gonçalo, e outras nas proximidades, aumentou)...

    Enfim, essa é minha visão dessa história toda...

    Volto no próximo... Beijos cara

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