Assisti o filme Comer, Amar e Rezar, achei um pouco longo e parte sobre a India foi um pouco chata, mas na média foi bom.
Gostei muito de duas tiradas que o filme dá.
A primeira fala da forma como os italianos falam: Com As Mãos.
A segunda foi a parte do selinho entre pai e filho.
Esse dois pontos do filme o fizeram realmente valer a pena para mim, pois se ligam sobremaneira com a minha vida, e de grande forma a legitimam e expõe a babaquice de uns controles heterossexistas no Brasil.
Falar com as mãos é parte de mim, e não é por meio de LIBRAS. As pessoas associam isso ao fato de ser gay, mas não tem nada a ver. (Claro que eu falo com as mãos de uma maneira totalmente única e peculiar, não por ser gay, mas ... PQ Eu sou RICA, Eu sou RICA ...)
(O rapaz ao lado, com uma aparência pra lá de GLS está falando com as mãos, mas diferente de mim ele utiliza LIBRAS o que não tira a sua graça, mas ele perderia em espontaneidade e comicidade se falassemos com as mãos lado a lado. Risos.)
No filme destacam que os italianos falam com as mãos, eles mostram apenas uns movimentos caricatos, mas na prática é mais que isso. Quando vivi na Argentina, onde tiveram muita imigração italiana eu também percebia esses movimentos das mãos ao falar, o que fazia eu me sentir ainda mais a vontade. (lá os gays têm direitos civis, definitivamente nasci no lugar errado)
Eu sempre falei com as mãos, mas no Brasil. Aqui sempre há um controle excessivo para os gays e por diversas vezes, algum babaca, destaca esse traço peculiar da minha personalidade e não é para me exaltar ou elogiar.
Falar com as mãos incomoda os mais homofóbicos.
Eu acho que falar com as mãos dá um ritmo, uma beleza e uma complementação para o discurso, mas infelizmente há um patrulhamento enorme e essa caracteristica é cada vez menos comum. (ganha o preconceito e perde a diversidade)
O outro ponto, que a maioria dos brasileiros que assistir ao filme vai achar uma apelação e uma mentira é a parte da despedida do pai e do filho com um selinho. (Vão dizer que não existe)
Quando eu era criança, essa forma de despedida era muito comum na minha família paterna. (A avó do meu pai era do Sul da Itália, origem do comportamento muito retratado nos filmes de máfia)
Confesso que eu achava muito estranho e o episódio que o filho do personagem brasileiro relata, Despedir-se do pai na escola com um selinho, também acontecia comigo. (Isso não tem nada a ver e nem influenciou minha orientação sexual)
Claro eu era alvo de muita chacota e como no Brasil não há muito espaço para vivências etnicas autonomas (diferente de outros países multi-etnicos como EUA , Europa e Austrália) a caracteristica foi banida também da minha família.
Infelizmente, no filme a única referência a comunidade GLS não é muito feliz e edificante, diriamos assim, mas também quem fala é uma Nona italiana, provavelmente católica e super conservadora.
Deixo para vocês uma tarantela eletrônica feita por um DJ Argentino.
Surreal têm até um sample de "Chorando se foi"no meio.
Acho que se eu fosse uma Tarantella eu seria algo assim.
Surreal têm até um sample de "Chorando se foi"no meio.
Acho que se eu fosse uma Tarantella eu seria algo assim.
Frases do Dia: Vamos pedir piedade, Senhor, piedade. Pra essa gente careta e covarde. CAZUZA
Também tem um preconceito às avessas, que é comum em alguns meios aqui em SP: achar que quem não dá pinta (se usa esse termo por aí? kkk) é enrustido, mesmo sendo totalmente assumido...kkk Dizem que é "homofobia internalizada". Eu seria totalmente artificial dando pinta só para "ser aceito", sou um ogro: nem gírias gays eu conheço...kkk
ResponderExcluirFalar com as mãos só me incomoda quando é em exagero, em palestrantes, pois eu fico seguindo os movimentos e não consigo me concentrar no que o cara diz...kk no dia-a-dia não me incomoda em nada, seja gay ou hétero.
Sobre os selinhos: eu tinha alguns amigos na adolescência que quase morriam na rua quando seus pais vinham cumprimentá-los com um beijo... na minha família nunca rolou, e confesso que não encaro com naturalidade - da parte da criança, ok, o que me deixa meio cabreiro é a parte do adulto, mas é só encanação minha mesmo, por ser algo com o qual não convivi.
Não vi o filme, nem li o livro... quando sair em DVD eu dou uma chance.
Mais o filme deve ser muito bom! Fui no cinema e tava mega esgotado! Então vou esperar sair de DVD mesmo!
ResponderExcluirDois Perdidos, Eu encaro a pinta como é direito e não um dever. Risos! Há 12 anos, no início da minha vida me incomodava nos outros, depois, rasguei o livrinho de regras do que deve ser... Hoje acredito Q cada um tem Q ser o Q é.
ResponderExcluirQdo ao selinho eu entendo como um traço cultural, mas eu confesso Q não gostava.