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sábado, 9 de outubro de 2010

Eleições: Gays, Gramsci e Alianças!

Em post anterior, eu falei de Gramsci e não expliquei direito quem era ou suas idéias, resumirei. Acredito que tem muito a ver com as eleições e com a comunidade LGBTTS.

Gramsci foi um teórico de esquerda italiano que foi perseguido pelos Fascistas na Itália. Ele escreveu diversos cadernos, denominados Cadernos do Cárcere.

A frase clássica para resumir seu pensamento é:
“Não importa a coalizão das forças políticas, mas sim a hegemonia que comando essa aliança”

A comunidade LGBTTS deveria aplicar essa perspectiva na hora de escolher seu candidato nas eleições brasileiras do fim do mês.

Mas o que seria hegemonia?
Hegemonia aproxima-se do conceito de ideologia (conjunto de idéias e valores dominantes) associando-o a organização dos meios de difusão como a mídia, o sistema educacional e as instituições religiosas.

Então o próximo governo irá fazer uma censura e controle desses meios de difusão? Não, longe disso, a proposta de Gramsci está muitissimo longe disso. Ele entende que não adianta fazer dominação pela força. O povo precisa de livre e espontânea entender o que quer, mesmo porque uma proposta mais social com certeza beneficia o povo, ele só precisa ter essa consciência despertada. A questão é trabalhar para que modelos de pensar distinto dos tradicionais ganhem espaço.

Por exemplo, pessoas de camadas mais pobres entendem os serviços do Estado como uma concessão ou um favor pessoal do governante (clientelismo) .Esse sistema cria pérolas da política nacional como o casal #ForaRoriz.

É preciso ganhar espaço para perspectivas que entendam os serviços do Estado como um direito como propugna a Constituição de 1988. Difundindo novas idéias e esclarecendo o povo, acontecerão mudanças significativas, pacíficas e duradouras.


Nós da Comunidade LGBTTs, temos que analisar as duas alianças que se propõe ao Brasil nesse momento e analisar que hegemonia está comandando cada uma, em especial no tocante a temática LGBTTS (notadamente a união civil, embora eu não queira mais casar com ninguém o tema é o maior simbolo da igualdade entre LGBTTS e Heterossexuais).

Temos que superar qualquer conceito prévio em relação ao partido e até mesmo seus aliados. A partir do cenário, eu chego até mesmo a desprezar outras questões que eu considerava muito importante.

O primordial nesse momento não é olhar quem é o candidato, suas alianças, mas quais idéias estão ganhando peso e visibilidade dentro de sua campanha, pois o candidato é apenas a interlocutor das posições de seu bloco hegemônico.

No post anterior, eu descrevi o cenário, vou resumir:

De todos os lados, apareceram pressões que focaram sobre duas temáticas ligadas a religião e religiosismo. Aborto e União Civil entre Homossexuais.

Nesse momento, as duas coalizões deixaram claro qual hegemonia comanda cada uma delas:

De um lado há uma candidata visivelmente pressionada por declarações e realizações do governo que participou! Que deixaram expressas as posições da hegemonia que comanda: Sobre a união civil disse: União civil é direito civil! [Pode parecer pouco, mas é uma forma de deixar o recqado claro para os militantes do Movimento Homessexual sua posição sem amedrontar o eleitorado menos esclarecido: Direito Civil é um das subdivisões dos Direitos Humanos, ou seja, não há o que se discutir. Direitos Humanos devem ser ampliados, com indica o caput do artigo 5.]

No video, fica evidente a pressão dos jornalistas, falam em ser madrinha:


Caso você assista o video do Serra, notará a diferença.

O que vocês queriam? Um enfrentamento aberto*? Em um país como o nosso.
Em políticas públicas (atividades realizadas pelo Governo) ser reconhecido como classe e ter sinalização positiva já é um grande passo.

Do outro lado, temos um candidato que fatura com essas declarações e alia-se a pessoas que promovem uma campanha de terror sobre os temas contra a outra candidata. Não faz nenhuma declaração que ponha fim ao clima de rixa e perseguição, não trabalha pela pacificação da temática. (O que também deixa claro qual a idéia hegemônica que comanda a coalizão no tema). Nessa coalizão, gays como tema não existem (nem foram citados no programa de governo) , ou seja, não somos reconhecido como destinatários de políticas públicas. Quanto entre seus aliados ganhamos existencia somos associados ao “DEM...” ou coisa do tipo, sendo do DEM é o seu vice presidente. (Para mim falta coerência!Risos.)

Mas o pior de tudo é o recrudescimento do conservadorismo. Uma coalizão que não possua realizações significativas em nossa temática e nem sinalize positivamente, ainda que timidamente, abre espaço para retrocessos e até perseguisões.

Veja o que a Regina Duarte fala de 30% de votos conservadores na Alemanha (risos):




Engraçado, falam que o Lula mudou, mas o PSDB/FHC/SERRA que no vídeo falam mal do lixo autoritário e hoje são os que têm mais aliados da época da Ditadura!

Fica claro também a forma de apresentar suas propostas do PSDB, ou melhor, de não apresentar e apostar no terrorismo eleitoral. Felizmente Regina se enganou e mesmo o Janio eleito não trouxe nazistas para a prefeitura de São Paulo.

Agora com a metodologia de guerra suja e de terrorismo que beneficiam Serra e as posições explícitas de vários dos seus alidos quanto aos gays, chego a temer um tratamento nazista para os LGBTTS.

*Enfrentamento aberto da questão (Posicionamento abertamente pro-LGBTTS), aqui no DF, só temos uma deputada eleita que em vários momentos se declara pró-LGBTTS: Erica Kokay, que “coincidentemente” participa da coalizão da Dilma. Entre os eleitos de sua coalizão, há outros simpáticos a causa. Para mim, porque entendem Direitos Humanos de forma mais ampla.

Outra que se destacou no defesa aberta da temática foi a Marta Suplicy, que será Senadora, o que nos dá esperança que a temática ganhe visibilidade e realizações. Independente se você goste ou não dela ou do projeto que ela propôs. Destaco que proporcionar a entrada na agenda de decisão do governo, possibilitar a discussão do tema é um grande passo. Só conseguiremos avanços se formos tema de discussão, mas no momento certo, não no meio da campanha, como forçam os conservadores.

Para você compreender melhor, a hegemonia dos aliados do SERRA/PSDB, segue o vídeo:



Utilizar a mentira em interrogatório com tortura, para pressionar quem seja, ainda que adversário político, é demonstrar nenhum compromisso com os Direitos Humanos e com a vida.

Agripino não cita em suas palavras que tem o desenvolvimento de sua história política intimamente ligada ao regime autoritário.

Infelizmente, nessa eleição, as discussões não se aprofundam e o voto da comunidade LGBTTS tenderá a se pautar quase que exclusivamente pelas posições nessa questão.

Por que ainda que o Serra tenha realizado qualquer coisa, tenha a experiência que ele diz, tenha sido tão bom quanto ele fala (ele não apresenta dados) e que talvez faça o País crescer como nunca com todos os beneficios associados, caso as idéias tão homo fóbicas de seu bloco hegemônico frutifiquem, não haverá espaço adequado para qualquer um da comunidade LGBTTS, restando-nos apenas concessões.

Quando falamos PSDB, SERRA, São Paulo (Estado e Cidade governada muitíssimas vezes pela coligação/hegemonia; PSDB/DEM), só me vem à cabeça que em São Paulo é o Estado/Cidade que mais se destaca em ataques frontais aos homossexuais (Nazistas), é a cidade em que morreu Edson Nery e que diversos ataques se seguirão na mesma região, (alamedas/república/arouche), o que só me leva a crer que mesmo existindo o histórico de ataques na região, nunca foi implementado um policiamento diferenciado ou políticas públicas específicas para proteger uma categoria que é verdadeiramente vulnerável.

Me lembro da Parada Gay de São Paulo que fui, primeira quando Serra era Prefeito, em que fomos proibidos de descer a Consolação até as 18 horas e que ficamos imprensados na Paulista, sendo vítima de assaltos e abusos de pequenos marginais que se aproveitarão sobremaneira do tumulto, eu já havia ido a 4 antes, sem problemas nesta questão, saiamos religiosamente as 14h. A impressão que deu foi que ele não quis prejudicar o trânsito da cidade para os veados passarem.



Prefiro que esse tipo de postura não ocupe a cadeira principal da República e que pessoas como José Agripino, Joaquim Roriz, DEM e etc tenham cada vez menos espaço na Política Nacional.

Em Brasília, Serra apoia formalmente Weslian Roriz, como sempre apoiou Roriz. A coligação para Presidência da República não precisa ser repetida nos Estados, então porque ele ainda a apoia? Roriz rompeu todo o senso de moral e desrespeita na prática o judiciário brasileiro. Demonstrando muito pouco apreço pelas instituições democráticas do Brasil. (não surpreende ele fez parte do Arena e foi governador bionico da Ditadura) Com aliados que agem dessa forma colocamos sim em período a Democracia e assim sim corremos o risco de ter uma Repúblico como a de Chaves, pois os freios aos abusos são desrespeitados.

Mas como terei certeza que as idéias da Coalizão mais progressista se realizarão?
Não teremos como ter certeza e com certeza teremos que fazer concessões, como a questão do Irã, mas podemos olhar as realizações e declarações passadas, mesmo que no afã deste fim de eleição apareçam declarações diversas. Há uma esperança e perspectiva que continuem ,do outro lado o cenário para os LGBTTS é mais adverso.

Todos podem lembrar o Irã. Como disse teremos que fazer concessões, (não apoio o Irã ou coisas do gênero), mas temos que ver de forma sistêmica. Havendo liberalização para os gays no Brasil, conseqüentemente seremos mais gays para pressionar tanto o governo brasileiro a romper com o Irã, como os governos homo fóbicos como Egito, Irã, Gana etc.

Lembrem-se sempre que ao lado da Coligação SERRA/PSDB há violadores brasileiros dos Direitos Humanos no Brasil dos períodos da Ditadura como o Agripino Maia que falou o que falou no Congresso, resumindo a idéia: Se a senhora mentiu para a ditadura, porque não mentirá para nós?

Pior do que estar com esse tipo de gente, é que eles nesse momento crucial da eleição 2º turno tenham voz e um papel tão preponderante. Posição que não é barrada por seu "lider"Serra. Deixando claro quem comanda e quem é comandado na coalizão. E também quais idéias tenderão a ganhar força.

Também pesa muito pouco você não negociar com países que violam Direitos Humanos (periodo FHC/PSDB) e no ambiente interno permitir que as violações sistemáticas a suas minorias, e negar a nós Homossexuais direito a uma cidadania plena.

Acompanhava maravilhado o programa eleitoral de 1996 do FHC, coordenado pelo mesmo publicitário do Clinton, aquele programa das mão. Me deslumbrei com as grandes propostas do candidato e mesmo não sendo o meu candidato, me acalmei.

Em 1997, Li os textos de FHC, com muitas perspectivas que foram implementadas no Governo do Lula, e infelizmente ele no meio do caminho se filiou a perspectiva completamente diversa.

Senhores, não serei hipócrita e dizer que votei no FHC e me arrependi, porque utilizar isso é sofismar para dar aos argumentos força emocional. Nunca votei no FHC, DEM, Serra, Roriz, PP ou coisa do gênero, mas acompanhei seus governos para saber que não quero mais esse tipo de postura, em especial na questão dos homossexuais. LGBTTS.

Um comentário:

  1. Viva a diversidade (de verdade!), todos só têm a ganhar com pluralidade de ideias e pensamentos.

    Já coloquei teu blog na lista, ok?

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