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domingo, 24 de outubro de 2010

Como Esquecer ou Duro Processo de Superar

O filme é bafão, e aqui, como de costume é tratado de forma séria, cômica e dramática ao mesmo tempo. Isso é possível? Não sei, não é proposital, mas é como acaba saindo. Espero que vocês se divirtam tanto lendo, quanto a editoria escrevendo.

Efeitos Colaterais das Férias: Publicações longas, orgias gastronomicas (ataques a inofensivas caixas de donuts, almoços em rodizios, jantares no Burger King, muito pão, como eu amo pão), Consumo desenfreado de Refrigerante Diet (25 litros em 7 dias, é muito? Acho q até apareceu uma estria nova. Socorro!) Com sorte sobrevivo ... Risos


No Cinema:
Por sugestão do blog dois perdidos, assisti "Como Esquecer".

Infelizmente, o filme "Como Esquecer" já está saindo de cartaz. Em Brasília, passando apenas no Cine Arco-Iris do Liberty "Small". Temático, não? Atrasado, luzes apagada e saida apressada, (efeito colateral de mta coca-zero!) não permite comentar se o público era do bafão. Na entrada, a ausência de detalhes fashion-etnicos (kipá) renderam uma afronta (uma história de +/- 300 anos que conto outro dia), respondido com um "coloque-se no seu lugar" e um longo sorriso, valorizando os anos de tratamento ortondontico.

Interessante um filme brasileiro tratar, da perspectiva de uma mulher lésbica, a questão das dores da perda e do fim de um relacionamento. Fantástico focar nesse universo, porque, em geral, é o menos explorado dentro do universo LGBTT. (Nem o Almodovar costuma falar, o povo tem medo das rachas!)




É legal sair daquela perspectiva apelativa de beleza plástica, corpos suados e histórias bizarras (em geral, surreais e longe da realidade geral) em uma proposta vaga de que é preciso chocar para combater o preconceito. (Me emputeci com o último filme de temática LGBTS do cinema brasileiro que teve midia, me reservo o direito de não citar nomes)

"Como Esquecer" é um filme real, verdadeiro e sincero. Mostra o sofrimento de uma mulher de mais de 30, que como a maioria das mulheres, sofre muito com o fim de um relacionamento longo. Ser lésbica é apenas um detalhe, que deixa muitas vezes o filme mais divertido e dinamiza o enredo.

No final, ficará claro para a audiência que gays e lésbicas são seres humanos como todos os outros, com as mesmas dores e prazeres. O sofrimento é real e muitas vezes aumentado pela não aceitação e pelo absurdo que é não ter igualdade de direitos.

(Fui bondoso com os HTs, igual nunca, no mundo gay e mix há um frisson e um colorido todo particular. Eu chamo de Gay Power! Sempre digo: O mundo hétero é PB [preto e branco] e o mundo gay/mix é Full HD. Não esperem imparcialidade na descrição do mundo!)

Recomendo a todos, em especial ao público LGBTTS, que assistam e prestigiem essa produção nacional. A atuação da Ana Paula Arósio realmente comove. Há cenas perfeitas, não vou falar aqui porque estragaria a surpresa.


(Há varias cenas no chuveiro/banheiro, mas uma cena deixa bege! Não pela situação, mas pela verdade da cena. Há a tentação em acreditar que não foi atuação, foi real. Não é possível, a cara, a boca, movimentos corporais, não tem como. Mas tudo pela arte. Por esses e outros momentos, Ana Paula Arósio demonstra-se verdadeiramente atriz.)

A fotografia do filme é perfeitav (a foto acima deixa isso claro). Como todo filme brasileiro há nudez, não excessiva, tratada de forma artistica e contextualizada. Com resultado final muito bonito.

Parte do filme se passa na UFRJ, lugar que eu conheço muito bem e fui logo avisando: Se eu chorar, não me censure... (risos)

"Ando tão a flor da pele, que qualquer beijo de novela me faz chorar ... " (Puta, que brega, tenho que reduzir as idas ao karaoke)

Pra surpresa geral não houve choro, houve algumas gargalhadas. Há outras pessoas no mundo que sussuram comentários cômicos durante o filme.

Não tenham expectativa de um filme muito movimentado, cheio de baladas, drogas, sexo e rock'n roll (padrão de muitos filmes LGBT), e muito menos que sairão do cinema sabendo COMO ESQUECER alguém.

(Se alguém souber o segredo ou tiver receita de como esquecer alguém, por favor, mande e-mail ou diga nos comentários ... com um tempo sempre estrutura-se uma receita, mas uma a mais sempre ajuda, nunca se sabe quando será necessário esquecer alguém, risos )

Na verdade o filme mostra como é difícil esquecer alguém e como isso é um processo diferente para cada pessoa. Não há segredo ou receita mágica. É uma exploração individual.


Talvez nunca ninguém esqueça ninguém, mas, na verdade, aprenda a resignificar os sentimentos e encarar com maturidade a realidade. Quando um abandona o outro, é necessário encarar a vida de frente e reencontra o amor que temos por nós mesmos.

Abandono pode ser explícito ou simbólico (Reiteradamente, não dar prioridade a uma pessoa é um abandono, no mínimo, um aviso do reduzido valor e papel da pessoa)

Não adianta demonizar o outro. Basta entender que os relacionamentos são feitos de erros e acertos. Muitas vezes, erros geram feridas e se o outro não é capaz de percebe-las e curá-las, então o melhor é que cada um seguir seu caminho. Se o outro não mostra boa vontade em curar, não adianta ficar avisando, só gera estresse e desgaste.

Ao analisar a vida de Júlia, a impressão é que ela, como muitas pessoas, viveu de forma residual a própria vida durante o tempo do relacionamento.

Então, o sofrimento do fim do relacionamento é agravado pela dor de aprender a conhecer-se, a lidar com as próprias fraquezas e limitações, assim como reconhecer suas qualidades, belezas e defeitos. (Caraca, beleza é com Ana Paula Arósio mesmo!)

Dois pontos chamam a atenção no filme: a relação com o choro e as relações familiares de Júlia (Ana Paula Arósio).

O CHORO:
Tá gente, não tô contando o filme. Não acho que a relação com o choro seja inverossímil, posso entender mulheres lésbicas e emoções tradicionalmente de mulherzinha. No caso da personagem há também um traço intelectual e racional que poderia também justificar a relação com choro, tradicionalmente ligado com emocionalismo e descontrole.

Já escrevi sobre chorar e dei minha opinião.( Por Que Meninos devem chorar) Acredito que o luto da personagem, e de qualquer um de nós, é agravado quando não nos permitimos chorar e se descontrolar de maneira controlada (Isso é possível?). Quando se chora, se acelera o fim do processo de luto.

RELAÇÕES FAMILIARES:

O Papel da família da família de Júlia nesse momento tão difícil também é algo de se notar. Acredito que a família é uma peça fundamental na vida de todo ser humano, independente da orientação sexual, ainda mais em um momento limite como o que ela vive, mas quando tratamos das relações familiares e gays podem acontecer complicações.

(Escrevi meia página sobre a ambiguidade possível da relação de Gays, lésbicas e suas família, com um coração não cor de rosa, então me dou o direito de me censurar.)

“Cada um de nós compõe a sua história e cada ser em si carrega o dom de ser capaz, de ser feliz”

(Alguém dá na minha cara e tira dessa rádio brega que a minha cabeça tá sintonizada. É só o que me faltava, depois de comparar homem a carro usado, eu começar a cantar e escutar "música folclórica Brasileira", o que vem depois? Começar tomar cachaça e cerveja Itaipava [pra impressionar já tomei porre de Itaipava, eu nunca bebo, mas eu queria parecer "moderno". Tá levanta a mão quem não fez merda por causa de homi! Tá mentindo! Safadiiiiiiiiiiiinho])

Puta! a frase surge em um contexto, e quase é publicado sem. Não quero ser a palmatória do mundo e nem avançar sobre o povo que tá no armário. Você é a pessoa mais indicada para planejar e promover a liberalização e a aceitação no seu contexto.

Abandonado o armário, há 12 anos é realmente fantástico poder falar de forma aberta e verdadeira com todos independente da aceitação ou aprovação quem quer que seja. A existência permite a conquista de uma de patamar de respeito.

Supreendente ir almoçar com a Avó ou Tia Bisavó com o namorado e ouvir elas perguntarem sobre futuro e filhos de forma leve, sincera e tranquila.

Teatro:
"Se eu espero, eu desespero" é um espetáculo cômico e dramático ao mesmo tempo. Duas esperas. Na dramática, há um desespero por reencontrar, na cômina, há o frisson por não reencontrar. Em ambas, fica claro uma coisa: Esperar é uma merda, independe do resultado esperado. Risos.


Achei um espetáculo equilibrado. A parte cômica alivia a tensão da parte dramática. Gostei muito da interpretação da Rosa, na verdade me levou as lágrimas.

Não é um espetáculo propriamente GLS, mas posso dizer sem estragar a surpresa que metade do espetáculo é travestido e tem um quê caricato que diverte muito.

Quem estiver em Brasília e quiser conferir, Eu Espero, eu desespero. Teatro da CNEC 608 norte até 31 /10/2010.

PS: A postagem tá cheia de fotos porque o Blogger ficou de fuleragem e só recebeu o trailler na sexta tentativa.

2 comentários:

  1. Legal a tua crítica, eu prefiro ler algo assim, realmente uma experiência subjetiva a ficar lendo críticos malas falando de aspectos técnicos que só interessam a eles mesmos...

    Eu fiquei curioso, mas ao mesmo tempo com medo de ser um filme "pra baixo", aquele velho problema que você retratou bem no post sobre o gay triste.

    Em geral, as pessoas que viram reclamam que os diálogos são muito empolados, literais mesmo. Como não vi ainda, não posso julgar. No momento há tanto filme bom em cartaz, a lista está imensa, e ainda temos a Mostra de Cinema, provavelmente não vou ter tempo de ver no cinema.
    Um abração!

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  2. eu não assisti o filme, mas li sobre ele e realmente me pareceu interessante.
    adorei a parte do povo que tem medo das rachas! morri de rir!!
    menino, vc esta inspirado quando escreveu, qnta coisa! é até difícil comentar tudo...
    concordo com muitas coisas que você disse. creio que as pessoas tem maiores problemas com términos de relacionamentos pq elas não se bastam, sempre acham que estão incompletas.
    e qnd a família aceita a gente do jeito que é, é muito bem mesmo neh?!

    bjux

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